Café em cápsulas servido sem o aroma da culpa
Lavazza lança primeira cápsula biodegradável em meio à crescente reação
dos consumidores sobre os resíduos
Lavazza, gigante italiana do café,
revelou esta semana uma nova cápsula 100% biodegradável feita de cardo.
A cápsula patenteada é a primeira
de seu tipo a ser totalmente biodegradável, resultado de cinco anos de pesquisa
estratégica ultra secreta que a empresa desenvolveu conjuntamente com a
companhia italiana de biopolímero Novamont
and Turin’s Polytechnic University.
A inovação orgânica surgiu em
resposta a uma reação adversa dos consumidores, é uma solução para os resíduos que
surgem a partir das cápsulas usadas, atendendo a demanda por doses únicas de
café livre de culpa.
“Nós sempre fomos interessados em
inovação – fizemos uma máquina de café expresso para enviar para o espaço, e
agora estamos investindo em pesquisa que nos permitam encerrar o ciclo das
cápsulas de café”, disse Marco Lavazza, vice-presidente do grupo fabricante de
café. “Isso mostra que há uma sinergia na Itália entre os parceiros privados, o
governo e a universidade de pesquisa”.
A cápsula compostável será
destaque na Expo Milano deste ano, na Itália, juntamente com novas aplicações
comerciais para o “fim da vida” dos resíduos de café em produtos como tinta, cosméticos
e até mesmo como “super humus” de cogumelos comestíveis. Falando sobre a Expo,
em Milão, Gianluca Galetti, ministro do meio ambiente da Itália, saudou a
inovação do setor como uma inspiração. “Vamos sair da nossa crise econômica por
causa do que somos capazes de inventar e apresentar ao mercado, especialmente
no círculo econômico”, disse ele.
As vendas de máquinas de café que
servem as doses únicas de café tiveram um aumento de seis vezes desde 2008,
tornando-se responsável por ¾ das vendas de máquinas de café em 2014.
Lavazza e Nespresso são líderes
de mercado na Europa, com famílias que tomam cerca de três cápsulas por dia e
gastam mais de 300 euros por ano com o produto. Nos Estados Unidos, a máquina
da Keurig tem impulsionado a venda de mais de 9 bilhões de K-Cups, que não são recicláveis nem biodegradáveis. Com a venda
mundial de cápsulas de café estimada em bilhões, o resultado é lixo suficiente
para circundar mais de 10 vezes o planeta.
Evitado por tradicionais
fabricantes legalistas de café, o grupo a favor das cápsulas defende a
variedade e conveniência das single cups –
apenas colocar uma cápsula na máquina de café, e uma bebida pré-dosada é
servida enquanto a embalagem utilizada desaparece silenciosamente dentro do
recipiente que recolhe as cápsulas.
O remorso do bebedor de café vem
mais tarde – quando é hora de jogar fora as cápsulas de plástico ou alumínio
acumuladas no recipiente.
A nova cápsula patenteada
representa uma redução de 70% das emissões de gases do efeito estufa, segundo
os fabricantes. A cápsula é feita de um material chamado Mater-Bi 3G, um
bioplástico patenteado e produzido a partir de uma planta que possui folhas
espinhosas, Cardo selvagem e certificada para a reciclagem orgânica, de acordo com
os padrões de embalagem compostável da União Europeia.
A cápsula biodegradável contém 7g
de café arábica, com certificado Rainforest
Alliance. Um expresso suave e forte,
livre de culpa, e ainda mais importante, com ausência de odor.
Este foi um dos maiores desafios
para os pesquisadores – assegurar que a cápsula produzida a base de plantas,
não afetasse o sabor e o cheiro. Pois o café e o aroma estão mais interligados do
que apenas o cheiro do café fresco.
“Estou feliz que os fios da
jaqueta que estou vestindo é 8% de café, que absorverá os odores corporais dessa
sala lotada em uma hora”, disse o empreendedor Gunther Pauli em Milão, que brincou
com os que se reuniam para a divulgação.
O Senhor Pauli é um empresário de
sustentabilidade da Bélgica, que há muito tempo tem pressionado para a
reutilização de 99,8% - por volta de 6 milhões de toneladas - de subprodutos do
café que são jogados fora.
O pó de café é rico em gorduras,
óleos, proteínas e celulose, com uma química única, desde que os grãos passam
por processos tanto de fermentação e semi-carbonização para se tornarem o café
torrado. Os pesquisadores descobriram que pode ser usado como um aditivo para
ajudar a controlar odores em sapatos e roupas. Hugo Boss, Patagonia, Nike e
Timberland estão entre os varejistas que produzem a tecnologia de vestimenta,
disse o senhor Pauli, observando que a demanda estava superando a oferta.
“As pessoas pagam muito dinheiro
para controlar o odor, por isso haverá um valor real em juntar especialistas em
café e bioplásticos para um portfólio de produtos”. Disse Pauli. “Precisamos
mais de seu café! “.
Estudantes de Turim/Itália estão
fazendo paradas regulares em 114 cafeterias no centro da cidade para coletar café
para o uso nos laboratórios. O pó de café está sendo testado para uma variedade
de aplicações comerciais, incluindo o cultivo de cogumelos comestíveis.
As restrições da UE são rígidas
sobre o plástico à base de petróleo tradicional e tem expandido o mercado de
bioplásticos na Europa em cerca de 20% por ano, ao mesmo tempo, abastecendo uma
economia paralela na agricultura, com os agricultores cultivando e colhendo as
plantas usadas para biopolímeros, seja de cana, milho, ou mesmo o cardo que
está sendo processado na ilha mediterrânea de Sardinia.
Os plásticos sustentáveis estão
sendo transformados em diversos produtos, desde saquinhos de chá, rolhas de
vinho, caixas de leite e em sacolas que usamos para nossas compras. Era só uma
questão de tempo até as cápsulas de café usarem o bioplástico também.
Fonte: The
Telegraph. Traduzido pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café.
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