terça-feira, 10 de março de 2015


O criador das K-cups da Keurig compartilha seu maior arrependimento

A Keurig Green Mountain transformou o mercado de café doméstico e de escritório quando introduziu seu café em dose única (K-cups) no fim de 1990.

Antes das K-cups, as pessoas preparavam café em suas casas ou no escritório. Haviam poucas alternativas- cafeteiras menores ou até terríveis xícaras de café solúvel- mas não havia uma maneira fácil de preparar uma xícara após a outra. A Keurig mudou isso.

Atualmente, a ideia de preparar uma garrafa inteira de café está fora de moda. As K-cups se tornaram tão difundidas, que todas as grandes cadeias de café, incluindo Dunkin’ Donuts, Starbucks e Krispy Kreme, vendem monodoses licenciadas. Até o McDonald’s tem uma linha de K-cups, assim como quase todas as grandes marcas de café.

Tem sido um grande negócio para Keurig, que transformou a maneira dos Americanos de beberem café, mas o homem que inventou essa tecnologia está discursando contra seu produto, o que poderá criar problemas para a companhia.

Um inventor desprezado

John Sylvan inventou as K-cups no início da década de 90 e vendeu sua parte da empresa por US$ 50.000 em 1997, confessando ao The Atlantic, ‘’alguns arrependimentos’’ em relação a esta decisão. Visto que a Keurig faturou mais de US$ 3,6 bilhões em vendas em 2014 (a maioria vindo de K-cups, mas também outras bebidas).

‘’ Às vezes me sinto mal por tê-los criado,’’ Sylvan disse à revista. ‘’ É como um cigarro para o café, um mecanismo de entrega de monodoses com uma substância viciante.’’

O desprezo por sua criação vai além de sua aversão pelo novo hábito de beber café, e é aí que a Keurig pode ter problemas. Sylvan está preocupado com a enorme quantidade de resíduos gerados pelas K-cups e não acredita que a companhia irá alcançar sua meta de ter todas as K-cups recicláveis até 2020.

‘’ Não importa o que eles dizem sobre reciclagem, essas coisas nunca serão recicláveis’’ Sylvan disse a revista. ‘’ O plástico é um material especializado, feito por quatro camadas diferentes.’’

Reação ambientalista

Enquanto as vendas das cápsulas cresceram US$ 2,7 bilhões em 2012 para US$ 3,18 bilhões em 2013 e US$ 3,6 bilhões em 2014, uma reação ambientalista vem sendo levantada. A hashtag #KillTheKcup, que significa ‘’ Acabe com as K-cups’’, tem sido divulgada pelo KilltheKcup.org, uma organização ambiental que visa eliminar o que eles enxergam como desperdício desnecessário gerado pelas cápsulas. O grupo cita uma série de números estatísticos que também foram usados nos artigos de Sylvan divulgados no The Atlantic.

- Em 2013, a Keurig Green Mountain produziu cápsulas de café suficientes para envolver a linha do equador 10,5 vezes.

- O novo sistema 2.0 não oferece filtros recicláveis, e o filtro ‘’my K-cup’’ já existente não encaixa na máquina.

- A Keurig Green Mountain só faz 5% de suas cápsulas com plástico reciclável.

- As cápsulas são feitas com plástico nº 7, que não pode ser reciclável na maioria dos lugares. Elas possuem uma tampa de alumínio, que é difícil de ser separada. Mesmo que o plástico, o alumínio e o café pudessem ser separados, a cápsula é muito pequena para ser manuseada pela maioria dos sistemas de reciclagem.

A Keurig não diz especificamente quantas K-cups são feitas por ano, mas reconhece suas preocupações ambientais por meio da divulgação de um relatório anual de sustentabilidade. A companhia se mostra claramente preocupada com seus impactos no mundo (ou, mais cinicamente, como esse impacto é percebido) e tem uma meta para compensar o volume de água utilizada para criar suas bebidas até 2020.

‘’ Para cada xícara que nossos consumidores preparam, nós iremos restaurar a mesma quantidade de água para o uso natural e da comunidade por meio de projetos na América do Norte’’ diz o relatório fiscal de 2014.

A companhia também fez uma clara promessa sobre a reciclagem de suas K-cups:

‘’ A prioridade de sustentabilidade para nós é ainda garantir que 100% de nossas K-cups sejam recicláveis até 2020’’ de acordo com o relatório. ‘’ Nós sabemos que os consumidores querem um uso secundário para suas K-cups utilizadas, e nós estamos comprometidos a cumprir esse desafio’’

O relatório aponta que no ano fiscal de 2014, a Keurig ‘’ gastou quase 6% de seu lucro bruto em programas e investimentos sociais e ambientais’’.

As pessoas amam os cafés

Enquanto reações ambientalistas estão produzindo mudanças, como a eliminação das embalagens de isopor do McDonald’s e o uso limitado de copos de café de isopor, as pessoas ainda comem Big Macs.

Keurig está assumindo um risco, definindo suas metas ambientais para 2020, mas a companhia merece crédito por abordar a questão.

Sylvan pode não ser um fã das máquinas, dizendo ao The Atlantic, ‘’ Eu não tenho uma. Elas são caras para usar’’. Mas é difícil imaginar o movimento anti K-cup ganhando força, quando a empresa se comprometeu a resolver o problema, embora não em um futuro imediato.

A Keurig mudou a maneira das pessoas beberem café em casa e no local de trabalho. Tal mudança é improvável de ser revertida.

Fonte: The Motley Fool. Traduzido pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café.

Nenhum comentário:

Postar um comentário